Foi ontem
noticiada pelo Jornal de Negócios a intenção de o Governo pretender extinguir a
Fundação António Aleixo, entre outras, no seguimento de uma avaliação feita às
Fundações existentes em Portugal.
A Fundação
António Aleixo é uma instituição de direito privado, com utilidade pública
reconhecida pelo Estado em 1997. Resultou da vontade dos seus instituidores
para a promoção prioritária nas áreas da solidariedade e da segurança social no
concelho de Loulé.
Ao longo
dos anos (desde 1995) que a Fundação tem consolidado o seu trabalho em prol da
comunidade do concelho de Loulé, prestando apoio quer a idosos, quer a jovens,
directa ou indirectamente.
A Fundação
António Aleixo desenvolve a sua actividade em diversas valências,
designadamente, com o serviço de apoio domiciliário, com o centro comunitário,
com o centro Espaço Infantil com 153 crianças, com a creche Os Meninos do
Aleixo, com 65 crianças, com a atribuição de bolsas de estudo e com o
desenvolvimento de vários projectos no âmbito do voluntariado como o Banco do
Tempo.
Ao revelar
esta intenção de extinguir a Fundação António Aleixo, o Governo pretende
atingir 3 objectivos.
Primeiro,
dizer que extinguiu um número de Fundações, entre elas a Fundação António
Aleixo, porque agora são o bode expiatório da despesa do Estado, metendo tudo
dentro do mesmo saco.
Segundo,
matar diversas estruturas organizadas de apoio social, cultural e desportivo,
para que quem quiser um apoio trafique influências junto dos (ir)responsáveis,
para que a relva da corrupção cresça ainda mais, no mais vil apelo à
caridadezinha.
Por
último, poupar cerca de €2.500.000 (dois milhões e quinhentos mil euros)
anuais, cerca de 60% das contribuições do Estado para a Fundação António Aleixo.
Ou seja,
contas feitas – à moda de Vítor Gaspar – o Estado com a extinção da Fundação
António Aleixo, passará a suportar estes dois milhões e quinhentos mil euros
mais os restantes 40% das actuais receitas, partindo do pressuposto de que as
pessoas continuarão com o apoio social que têm tido até agora. Pelos vistos
este acréscimo de despesa não está nos horizontes do Governo, pelo que se pode
deduzir que muitos munícipes do concelho de Loulé perderão apoio social.
Assim, não
se percebe esta esquizofrenia de identidade ideológica. Este Governo,
assumindo-se como o mais liberal que Portugal conheceu desde sempre, apregoa,
por um lado que a sociedade civil se deve movimentar e desenvolver esforços
para criar as suas próprias estruturas, e por outro, desfere um golpe duro na
autonomia privada. Das duas, uma: ou é incoerente, ou é ignorante.
Saliente-se
que a CML já se pronunciou contra esta intenção do Governo do seu partido, o
que merece reconhecimento, porque também a Fundação António Aleixo tem
desempenhado o papel que um executivo camarário diligente devia desempenhar,
nomeadamente, na criação de creches, tão essenciais em algumas zonas do
concelho, por exemplo, em Quarteira.
Toda a
comunidade do concelho de Loulé reconhece o trabalho de mérito desenvolvido
pela Fundação António Aleixo. Mau grado se ver exposta a torpe horizonte de
extinção por um Governo que só vê a tesoura à frente!